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terça-feira, 15 de junho de 2010

Santos Populares - Lisboa 2010


Mais um ano passou, 
Mais um Santo António chegou.
Com os amigos uma sardinhada fui jantar,
E pela noite dentro foi sempre a bombar!


Numa noite em que o Santo António lá pediu às nuvens para conterem as lágrimas de emoção, lá fomos nós, um grupinho bastante razoável em número e onde imperava a boa disposição, aos santos populares.

A sardinhada era boa com sardinhas bem carnudas e sumarentas, mas a um preço de bradar aos céus e fazer as nuvens chorar de novo, desta vez de mágoa, tal vai a crise... só para terem uma ideia, pelo preço de duas sardinhas, quase comprava um quilo no Pingo Doce (passo a publicidade)! Mas o que interessava mesmo era o "cumbíbio"!

Começámos a caminhada rumo ao Castelo de São Jorge, passagem obrigatória, onde conseguimos chegar sem qualquer dificuldade e onde começou a caça à melhor caipirinha, morangoska e afins.


Fomos descendo até Alfama onde a multidão começou a apertar e, tendo eu uma amiga que mora por lá, não pude deixar de matutar numa quadra que lhe vou dedicar:

Cara Amiga, aqui vai:


Pela tua rua andei a vaguear,
Mas a tua porta não consegui identificar.
Quando a algazarra passar,
Logo me irei orientar!


Sei que é muito "ar", mas na altura era de ar que eu necessitava e ficou tudo a rimar com "ar"... 

Agora te entendo, amiga, porque tiras férias nesta altura do ano! Tal era a confusão, muita gente, muitos bairristas a puxar a brasa à sua sardinha e também o gelo à sua caipirinha!

O momento alto da noite aconteceu quando parámos para ver um bacano a partir um saco de gelo ao som do "Smells Like Team Spirit" dos Nirvana. Era contra a parede, era contra o chão... o que interessava era ter gelo esmigalhado para as caipirinhas. Foi lindo de se ver...


Enfim, uma noite em grande... venham mais assim!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Férias Fora Cá Dentro



"É também uma atitude patriótica passar férias cá dentro", foram mais ou menos estas as palavras do nosso ilustre Presidente da República, Professor Cavaco Silva, no Primeiro Jornal do Domingo passado.

Quase que caí do sofá de tanto rir de forma cínica e irónica ao ouvir estas palavras tão originais e cheias de sentido... Eu passo a explicar...


Nesse domingo, tinha acabado de chegar de umas belíssimas férias passadas em Portimão. Bom tempo, com sol radiante, excelente companhia, boa disposição até nunca mais acabar... praia, muita praia... enfim, nada melhor para carregar um quarto das minhas já mais que gastas baterias.


O dia começava sem stress, pequeno almoço farto e depois bora lá para a praia que o som do mar já chama. À noite, rematávamos sempre com um gelado numa gelataria que tinha os mais variados sabores (como por exemplo o de nutela de que gostei bastante); e depois terminávamos com um copo nos milhentos bares da avenida. 


É aqui que começa a minha indignação. Para mim já não era novidade que o Algarve já é mais inglês do que português, mas daí a ter que me sentar num bar e ter de falar em inglês para pedir uma bebida só porque a menina que nos veio a atender era inglesa... quase que trepei as paredes!!!! Consegui manter a minha postura de boa, muitíssimo simpática e linda portuguesa que sou, e mostrar à camone que não sou burra nenhuma e que sabia falar bem a sua língua. No entanto, não devo ter conseguido disfarçar a minha incredulidade perante a situação, tanto que no final quem veio receber o money foi a mais que enrugada, malencarada e antipática dona do bar que era portuguesa...


Para além deste aspecto linguístico, este bar tinha o hábito de passar non stop em ecrã gigante vídeos de garraiadas, onde se largam os touros nas ruas e os pacóvios da aldeia tentam deter a todo o custo o touro, levando cornadas do mesmo ou mesmo pancadas na cornadura por tropeçarem neles próprios e baterem com a cabeça nos passeios, pedras, ou partirem-se todos a tentar trepar muros na fuga ao touro... enfim, figurinhas tristes que os camones frequentadores do bar achavam bastante graça... realmente assim, eles devem ficar a pensar que o que define Portugal é o Cristiano Ronaldo e as figurinhas tristes que se fazem nas largadas dos touros.


E isto deixa-me triste. O nosso país que é rico em cultura, fica desta forma com uma imagem pobre: futebol e touros....


Escusado será dizer que me recusei a voltar a este bar.

Já de regresso a casa, das mínimas férias, parámos em Setúbal para jantar o belo do choco frito. Mais uma situação de indignação! Fomos servidos com as sempre presentes e não pedidas entradas de presunto, azeitonas, manteiguinha e pão. Tudo bem, tudo normal. Na mesa ao lado, sentam-se uns franciús com a mania. Mal se sentam, começam a criticar as ementas, qualquer coisa que tinha a ver com a tradução para o francês, depois começam com piadolas acerca do empregado com o qual falam em inglês... enfim... comecei a fervilhar. Depois deste filme, qual não é o meu espanto quando começo a reparar nas entradas que eles tiveram direito: igual à nossa MAS com mais um pratinho de gambas que eles não pediram!!!!! 

Ora bem, o que é que nós, portugueses, estando no NOSSO país somos menos que os estranjas???


Tudo bem, temos de aliciá-los para voltarem mais vezes... faz bem à nossa economia em franca crise... mas porque não sermos também aliciados para ficarmos por cá e não procurarmos bom tratamento noutros países??

É claro que concordo com as palavras do Professor Cavaco Silva, até porque o nosso país tem lugares lindíssimos para serem visitados e explorados, mas sinceramente acho que a atitude patriótica deveria começar pela classe hoteleira!