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terça-feira, 27 de abril de 2010

O Belo do Transporte Público... ou não...



Hoje levantei-me de madrugada pois avizinhava-se uma manhã caótica devido à paralisação total dos transportes públicos. 

Até nem correu muito mal. Com alguma batota, mudando sempre para a faixa do lado que começava a andar para parar um pouco mais à frente e entrando pelas bombas de gasolina para sair, meio quilómetro mais à frente, passando à frente de dezenas de pobres condutores, lá consegui chegar a horas de um cappuccino e cigarrito antes de começar a trabalhar.
 

O pior aconteceu quando chegou a hora de voltar para casa. Demorei uma hora para fazer um percurso de cinco minutos… Dá para concluir que os transportes públicos são imprescindíveis para o belo fluir na grande cidade cosmopolita e fugir das sempre presentes filas de trânsito.
Não nego esta conclusão… NO ENTANTO…. Continuo a considerar o meu golfinho como um grande amigo do peito e das horas do aperto!
 

Numa fase da minha vida, numa bem curta fase da minha vida, aderi aos meios alternativos de deslocação: comboio e metro. Lá ia eu toda lampeira, completamente rendida à moda do MP3 cujos fones me faziam chegar ao trabalho com as orelhas vermelhas e doridas. Até podia passar pelas brasas!... quando conseguia sentar-me… senão, eram 30 minutos de comboio em pé… E lá chegava sempre a horas ao trabalho! Maravilha!
 

Contudo, esta maravilha tem os seus contras… todos os dias lá me deixava levar pela maré pesada de pessoas que saiam do comboio e se dirigiam para as escadas afunilantes que levavam ao metro; todos os dias me fartava de correr (quando a maré me deixava) para apanhar o metro que estava prestes a partir; todos os dias revirava os olhos por causa de certas individualidades que insistem em entrar à força no metro quando ainda há um mar de gente para sair; todos os dias me fartei de levar encontrões sem encontrar um pedido de desculpa. Enfim… mas lá ia eu acompanhada pelas belas músicas armazenadas no meu MP3, apesar de bastante contida, pois não podia acompanhar esganiçadamente as minhas bandas favoritas.
 

Outro ponto negativo era a volta para casa. A tentar apanhar o metro (ainda me faltava o comboio), nunca consegui parar de olhar todos os segundos para o meu relógio e pensar “A estas horas já estava em casa”. E passada uma hora lá chegava eu ao doce lar já noite avançada, com a lunática mor de a bexiga a rebentar e sem vontade de fazer mais nada senão ir para a cama e voltar à mesma rotina no dia seguinte.
 

Ora bem, aqui a qualidade de vida é relativa… ou quanto muito reduzida. Sim, há qualidade de vida quando de manhã chegamos ao trabalho sem grandes intercorrências e a horas. Mas onde é que ela está, quando voltamos para a casa a altas horas que nem nos dá para gozar do conforto do nosso lar que tanto nos esforçamos para ter?
 

Na minha opinião, não há nada como ir acordando a caminho do trabalho ao som da música que gostamos, a esganiçar quando bem nos apetecer ou rir à gargalhada das barbaridades hilariantes que os locutores da rádio preferida dizem. Não há nada como sermos ambrósios de nós próprios, da nossa vida, mesmo não havendo Ferrero Rocher. Um táxi que está sempre ao nosso dispor mesmo para as distâncias mais pequenas sem resmungar!
 

Uma Viva aos transportes públicos bastante úteis para quem não teve possibilidade, coragem, pachorra ou habilidade para tirar a carta.
 

Eu manter-me-ei sempre fiel ao meu golfinho…. até que a morte mecânica nos separe ;)

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